O Poeta Não Existe

E os belos e tristes poetas, escrevem não para lubrificar almas com o óleo essencial da vida - a arte. Escrevem para poder existir... Porque poetas não pensam, e criam suas almas a cada poesia... A cada texto poético, a cada sorriso único e raro - quando um poeta sorri? 
Então, nós poetas não temos culpa alguma se vêem arte em nossos escritos, nós apenas buscamos a existência.

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Vou lhe contar uma história bem verídica e curta de um velho poeta que não queria ser esquecido. Seu nome a neve congelou em flocos e o vento levou. Morou por quase toda a vida em uma floresta pequena, ao lado de uma vila, e a vila perto de uma cidade - buscou o exílio para se encontrar. Levou papel, caneta e sementes para plantar. Embora vivesse mais com poesia do que com comida. Todas as noites, sentava e escrevia, escrevia muito, porque sempre soube o segredo do escrever: Não pensar. E sempre que escrevia em seus dedos sentia, o poder sobre a poesia, não com dominação, mas por pura paixão pela vida.
Pensara angustiantemente que nunca conseguiria existir, porque por mais que escrevesse a vida ainda não se continha em sua essência. Os anos voaram, papéis e papéis se acumularam, com poesias, estórias e textos, de tudo tinha um pouco pois o quase tudo ele sabia. Quando estava chegando aos quarenta e três anos, em uma noite diferente - as nascentes pararam e o vento forte estava presente - em seu último poema, ele sentiu com todas as forças a existência preencher seu vazio poético.
Então levantou-se, foi para a cidade, arrumou um emprego em um jornal - ninguém lidava com as palavras melhor que ele. Encontrou um amor, teve filhos e netos... Não, ele não se perdeu no sistema da vida. Ele apenas viveu existindo e mostrando aos outros suas existências e ensinado-os existir.

Talesin.

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