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Mostrando postagens de janeiro, 2023

Estação Prefeito Celso Daniel, Santo André

Eu a vi. Ela me viu. O mundo parou. Senti-me sendo puxado na direção dela. E estranhamente percebi que ela sentiu o mesmo. Nem eu e nem ela conseguíamos parar de olhar para outro. Era diferente, eu não percebia os traços físicos, pela primeira vez, não era para o tamanho ou não tamanho dos dotes que eu olhava. Era para ela. Para o fundo infinito das pupilas castanho-escuro. O redor perdeu a cor e seu contraste aumentou a cada milésimo de segundo focado nos olhos imóveis dela. O trem apitou anunciando a partida e começou a se mover. Assim como eu, por dentro do trem, comecei a andar lutando contra o movimento natural da imensa máquina. Ela estava na plataforma oposta e começou a andar também. Nossos olhos não desgrudavam. Nossas bocas não conseguiam proferir um som. Um único som. Nossos corpos, involuntariamente, lutavam para não perder a possibilidade de contato, de fusão. Pareceu uma eternidade e ao mesmo tempo uma respiração. Ela parou no fim da plataforma e eu parei no último vagã