O Jovem Poeta

-Ei, eu sempre te vejo almoçando sozinho, posso me sentar? -Claro que sim, fique a vontade. Após algum tempo ele resolveu conversar.  -Você é um pouco estranho, eu sempre quis perguntar. Qual sua religião? Por que sempre começam com essa? – Pensei. -Esta é uma pergunta difícil para mim. Eu simpatizo com várias e retiro o que cada uma tem de útil. O Samsara, a meditação e o Dhammapada do Budismo. O amai ao próximo como ama a si mesmo de Jesus Cristo, as sete leis herméticas do Hermetismo, a reencarnação citada em diversas religiões como o Hinduísmo, Espiritismo e Umbanda. O conhecimento sobre planos de existência das duas citadas anteriormente. A filosofia por trás do Yin Yang no Tao. E algumas outras menos difundidas atualmente.  -Quais? Eu sorri enquanto apanhei comida com o garfo, enfim disse: -Outras.  Após algum tempo ele disse algo sobre um casal homossexual se beijarem no ponto de ônibus quando ele estava vindo ao trabalho.  -Normal - eu disse, simplesmente. 

Os segundos não fogem da Lei de não retornar jamais. Nunca. Cada segundo perdido em vão é um quilo adicionado as amarras da alma. A liberdade é um reflexo de todas as oportunidades absorvidas até o fim. Quanto pesa a sua alma? Fala-se muito sobre a leveza de ser, mas insistimos em agir feito pedras: permanecemos parados enquanto o tempo nos transforma em areia. O cientistas enaltecem que somos poeira das estrelas, então por que não brilhamos? Por que perdemos o tempo sem ao menos dar sinal para as lições através do Amor? L.A.

O que é Luz? Comparado ao sol Eu sou um ponto de escuridão Mal ilumino meu próprio Caminho Meus aspectos negativos escurecem-me Minha sombra rima apenas com o chão Acompanho a luz do fogo brando Silencioso e espiritual A chama da vela não tem sombra alguma. L.A.

Lá estava ela perguntando outra vez à sua mãe o por quê de o amor não ser simplesmente um jardim de flores azuis. Aos quinze anos as emoções são infinitas e a eternidade torna-se sinônimo de amor. Os olhos inchados refletiam a ânsia por respostas. Sua mãe olhou para ela e não respondeu, apenas inspirou profundamente como se o estado da filha já tivesse sido o seu estado um dia e de todos aquelas que tem um coração batendo no peito. Finalmente o instinto materno se sobrepôs, e resolveu responder como sua própria mãe a respondeu quarenta anos atrás. - Se não parar de chorar agora, irá chorar o resto da vida. A filha não entendeu a parábola, a mãe não sabia que amores não são passados de geração em geração. Todo amor é tão grande ou tão pequeno quanto o coração que o sustenta, assim como é muito difícil encontrar um trevo de quatro folhas, é muito improvável encontrar num espaço de uma vida um coração que tenha os pilares para sustentar um amor verdadeiro. Eliane passou a chorar

França, 1943  As 2h54m em um hotel num bairro pobre onde a Torre Eiffel é um sonho e não uma construção do outro lado da cidade. Naquela noite o amor era um amargo com gosto de tempo: as papilas gustativas do coração. A escuridão parecia densa e impenetrável, os olhos pesavam: logo irá chover naquele minúsculo céu castanho escuro. Sua música favorita era tocada em todos os lugares: o silêncio absoluto. -Um bom momento para meditar - ele diz sorrindo. Ignorando a saudade de um beijo e de encontros entre olhares. Ignorando. Apenas ignorando. Seria um crime reprimir, então ele permite os desejos colorindo sua aura e alterando levemente a vibração do quarto até o próximo banimento.  Pôs a imaginá-la, a onde quer que existisse. Em qualquer lugar. Esperando o tempo passar lentamente para encontraram-se, daqui alguns meses ou décadas, se conhecerem como se fosse a primeira vez entre duas almas gêmeas. -Leve esta mensagem - pede ao elemento Ar - diga a ela que eu a amo.

Após amarem-se, ainda nus, ela confessou o motivo da sua tristeza: sua barriga ser inchada e ter gordurinhas. Ele olhou fundo nos olhos dela, desbravando mares e cores, perguntou: -Esta tristeza provém do medo do que os outros pensam ou por que realmente isto abaixa sua autoestima? Nua, ela envergonhou-se por um momento de despir a alma. Ele sorriu como se estivesse diante da coisa mais fofa do mundo. -Ambos – ela confessou enfim. -Antes de entregar-se a dietas bobas, venha aqui – disse ele levantando-se, vestindo uma cueca – venha, totalmente nua, até este grande espelho. Ela envergonhou-se de deixar o lençol deslizar, como se ele nunca tivesse contemplado e amado o seu pôr do sol. Vermelha confiou no amor que sentia e o obedeceu. Finalmente ela estava diante do espelho que refletia o corpo inteiro, por trás dela ele continuou. -Observe seus seios, suas pernas, suas coxas, a barriga, absorva o significado de cada parte do seu corpo. Quando os olhos dela se t

Entre, aconchegue-se e partilhe da minha comida e dos meus sonhos, amanhã a vida estará diferente e você distante deste Caminho me observará sorrindo. Sempre perdemos pessoas queridas para os seus próprios caminhos. No acostamento da Morte ou no meio da estrada, as únicas lembranças permanecendo inexoráveis são as recheadas de gentileza. O que acontecerá com as lembranças? De qual parte da tua jornada eu devo lembrar se conheço tão pouco da estrada marcada pelas batidas do teu coração? Tudo o que vejo são pegadas, onde está tua história? Não deveríamos ser inapagáveis!? O Caminho é longo, eu sei, mas tudo que precisamos para percorrer o infinito cabe na palma da mão. Ande devagar, não se perca nas Sombras de Yin e não se deixe enganar pela Luz de Yang, tudo que é verdadeiro está em equilíbrio. E não descanse por muito tempo, pois toda a partida é sempre uma chegada em outro lugar. Obrigado. L.A.

O olhar exalando estrelas, O sorriso formando constelações: No ar, na pele, nos teus dedos: Fotográficos. As águas do mar que te cobrem Transluz teus sonhos. Não perca-os. Acredite no calor do teu coração. Cento e vinte batidas de esperança. Permeie sempre tua boca, viva Com o sabor de milho verde, alegre Escolha os caminhos com cuidado, sempre E jamais esqueça de amar sua câmera. Do amor sempre brota a arte, Pois o amor é uma espécie de realidade, Só nossa. Nunca coloque armaduras no coração, Afinal, como a quintessência da vida entraria? Só há sofrimento se escondermos as lágrimas, Nunca deixe de chorar na tempestade, Mas reconheça as nuvens abrindo-se, E te presenteando com o Sol. Voe, beija-flor. L.A.