Trechos de uma história sem fim

França, 1943 

As 2h54m em um hotel num bairro pobre onde a Torre Eiffel é um sonho e não uma construção do outro lado da cidade.

Naquela noite o amor era um amargo com gosto de tempo: as papilas gustativas do coração. A escuridão parecia densa e impenetrável, os olhos pesavam: logo irá chover naquele minúsculo céu castanho escuro. Sua música favorita era tocada em todos os lugares: o silêncio absoluto.

-Um bom momento para meditar - ele diz sorrindo.

Ignorando a saudade de um beijo e de encontros entre olhares. Ignorando. Apenas ignorando. Seria um crime reprimir, então ele permite os desejos colorindo sua aura e alterando levemente a vibração do quarto até o próximo banimento. 
Pôs a imaginá-la, a onde quer que existisse. Em qualquer lugar. Esperando o tempo passar lentamente para encontraram-se, daqui alguns meses ou décadas, se conhecerem como se fosse a primeira vez entre duas almas gêmeas.

-Leve esta mensagem - pede ao elemento Ar - diga a ela que eu a amo.

O treinamento mental tornou sua imaginação viva, pode quase tocá-la com os dedos e por alguns segundos engana o próprio coração. 

-Espero que não esteja chorando por algum sonho que se partiu, ainda não estou com você para criarmos sonhos bobos. Espere e não deixe de sonhar, você existe em algum lugar? Preferencialmente encarnada? Mas quem sou eu para romper com meus desejos a ordem natural da vida? Talvez nunca nos encontremos. Talvez nos esbarramos ano passado e não percebemos porque somos muito cegos para enxergar os laços que nos atam. Talvez esta saudade de alguém que ainda não conheci seja apenas vontade de sonhar. Não estamos todos sonhando? 

L.A.

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