Ponto de ônibus, Cheio de pessoas, chego, pego um canto Olho para o horizonte asfaltado Esperando o ônibus aparecer Há muitas pessoas fazendo o mesmo Parece que fazemos isso Não por ansiedade pela chegada do ônibus Mas sim, para não olhar no rosto das outras pessoas Atrás de mim há umas tantas Nunca as vi, mas mesmo assim Tenho que confiar que não metam Uma faca nas minhas costas ou coisa pior O vento sopra, e ninguém o repara Alguns gritam, o ônibus está a demorar Logo chega o motorista mal olha em nossos olhos Se disser bom dia, ele mal responde, Antigamente eles respondiam Algo mudou, não sei o que é, nem percebi Talvez devo ter ficado muito tempo no meu quarto Isolado dessas pessoas estranhas, e mudas O ônibus não está tão cheio, Moro perto do terminal A alegria não dura muito, Cinco quadras a frente tudo enche Estranhamento, O assento ao meu lado permanece vazio Começo a elucidar-me se há algo errado comigo Porém lembro que tomei banho, e sempre uso p