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Mostrando postagens de outubro, 2019

Patrícia Pereira

Foram necessários oito minutos e vinte segundos de viagem intergaláctica para a luz do sol atravessar o vidro do ônibus, despojar-se em sua pele e ampliar a luz natural dos seus olhos. Espiritualmente, a luz tornou-se nítida e em contraste com seu corpo adquiriu cor.  Prevendo o trovejar da poesia, desviei a atenção para o caos do mundo onde gritos enfurecidos reclamavam sobre alguma coisa findável, e olhos passivos depositavam esperança em telas virtuais com seus laços liquidos, mas era tarde demais: como uma obra pincelada por Leonardo da Vinci a imagem deste momento inexorável preencheu a memória de longa duração. Durante a pontuação dos segundos que floresciam o dia, as raizes da semente semeada as 7h20 cresceram sem pestanejar. As densas palavras soaram o sino do meu interior e a poesia começou a ser parida do ventre infinito do coração. Cada batida um verso invisível: cento e vinte versos por segundo, rimando com a sua voz de sereia do mar atlântico. Perdido entre o

Vida

Tão mutável e absoluta Seus laços tecem meu destino E minha vontade, apenas: Rende-se ao céu azul e finito: pois toda a imensidão é limitada pela minha percepção humana. Se busco ascender e brilhar Tão logo sou ofuscado E tragado pela escuridão: Do abismo - que nada mais é: que um filtro para o coração: Tudo que não for verdadeiro deve ser eliminado. Se olhar para dentro é despertar Olhar para fora é sonhar? Não, olhar para fora é encontrar: Tudo aquilo que negamos: As sombras e os desejos Nossa própria loucura: Pois o mundo é um reflexo: da alma humana. Esvaziar profundamente a mente Liberta-nos do passado: para sermos o presente, é perceber que as memórias não nos definem E que tudo aquilo que somos Depende inteiramente do poder: Do amor sem expectativas Do amor pela vida. Um amor que não quer, Pois é tudo: a própria elevação, Um amor que permanece, O mesmo a cada estação... O amor que flui: por cada perna, braço e peito, O amor que se torna o próprio corpo. E por intermédio deste at

Desapego

Desejo-te sofrimento e felicidade, de mãos dadas numa balança, estes estados te levarão ao significado da existência. Desejo que encontre primeiro o amor em si mesmo, para não transformar relacionamentos em um despejo de insegurança, possessão e ciúmes. Desejo que não conclua que experiências ruins são vinganças e socos da vida, mas oportunidades de enxergar por novos ângulos, desenvolver novas opiniões e amadurecer. Desejo que não se feche para o amor, tornando o coração uma armadura que enferruja o próprio olhar e pesa no peito. Desejo que não viva em prol do dinheiro, aos pés de outra pessoa, ou proliferando a violência física e psicológica e a desunião, não descubra tarde demais que não vale a pena. Desejo que não desista jamais, nunca, de forma alguma, por favor, não desista! Desejo que no fim, teu coração esteja leve e que tenha tido uma vida fazendo o que ama ao lado das pessoas que te fazem sorrir. Todo o resto são sonhos. L.A. Escrito em 17 de J

Os 22 Caminhos da Perfeita União

Amar-te-ei até rompermos, juntos, todos os três véus da Árvore da Vida. Tau Shin Resh A encontrei num bosque banhado pela penumbra do mundo, ela desenhava mandalas com hibiscos e papoulas vermelhas e amarelas, o olhar refletia a espera eterna por um novo ciclo. Por quantas eras você não recebe visitas neste teu coração? Seu cabelo leonino selvagem me amedrontou por um segundo, mas seus olhos azuis brilhantes como estrelas na escuridão da floresta encantaram-me. Meu amor? O fogo sibilante era a única música que ela conhecia, as línguas de fogo misteriosas dançavam ao seu redor até o vento do Leste soprar e trazer a escuridão novamente. Finalmente encontrei um anjo? Canela e olíbano brincavam no ar, acariciavam todas as minhas memórias olfativas, as substituindo por aquela visão perpétua e absoluta: sua beleza espiritual. Nenhum plano imaginativo sonharia com a sua criação, desta forma eu soube que não era uma alucinação. Finalmente o sol nasceu, você me levou ao transe e perdi a viagem

Sabedoria

Sabedoria não mora em páginas e em anos automáticos, ninguém se torna sábio por ter vivido robotizado. É preciso observar a si mesmo, os outros e as consequências de escolhas ligadas ou não a você. É básico aprender com os próprios erros, compreender os erros alheios, sem senso de julgamento, traça os caminhos para a sabedoria. Todos querem a felicidade ou a paz, mas a felicidade e a paz são estados de espírito que brotam do ventre da sabedoria quando se faz amor com a vida. A sabedoria causa um amplo gerenciamento mental e emocional, tendo como efeito uma paz estável e natural. A paz é a consequência de ter conquistado os primeiros mares da sabedoria. O conhecimento e a sabedoria devem caminhar juntos, conhecimento sem sabedoria causa destruição e morte, porque conhecimento é poder, e na sabedoria está a essência da gentileza. Por isso que passarinhos são gentis e intelectuais egocêntricos insuportáveis. Seja um intelectual com a leveza de um Bem-te-vi, e assim talvez voc

O Caminho até aqui

Retornar ao básico uma vez, duas vezes, três vezes: quantas vezes forem necessárias. Não há pressa em conhecer as batidas etéreas das estrelas, a memória do Universo ou a sabedoria de infinitos seres inorgânicos em lugares que, aos olhos físicos jazem inabitados. Cansei de ler que apenas os corações sutis ultrapassam o horizonte, mas descobri recentemente ao longo da experiência que é a mente assertiva e tranquila que se sustenta além dos véus da Árvore da Vida. Por que os seres humanos travam uma batalha sem vitoriosos por toda a vida: A razão ou o coração? Os blocos que equilibram a alma são feitos de ambos, não há separação, nunca houve rompimento. E o pior: Razão e Emoção fora dos trilhos da Imaginação não alcançam os jardins da Vontade. E muitos dos que se tornam instruídos intelectualmente, esquecem de criar e ordenar a Fé a ter direção. Em minha opinião, não é normal a mente vagar por pensamentos sem a permissão da consciência. Ou simplesmente não se esvaziar quando é ordena

A vida é apenas um passo de dança

O amor ferve o coraçãoSeu vapor exala pelos olhos De repente não há solidão: A vida é um encontro de poesias Empatia transforma-se em sabedoria Emoções antes tempestuosas: Agora trazem-me das brisas à maresia Recordo-me daqueles que amei E imagino aqueles que irei amar Lembro-me dos beijos que roubei E desejo em tua boca me aventurar Mas se firmo a mente no presente Expandindo um pouco a consciência O poente laço que nos ata é uma ponte Para dissolver sutilmente tua ausência Torno-me quem almejo ser A cada segundo que oro e vigio: A mente, o corpo e o espírito Quando este Samsara irá esvanecer? Reflito sobre a existência de Cronos E concluo, observando as estrelas: O tempo nos faz esquecer o infinito Em meus vinte e quatro anos de dramas; Risos, sonhos desfeitos e mal feitos; Quantas estrelas se moveram no universo? Quantos cometas pousaram em meu sorriso? Quantas estrelas amaram-se antes de mim? Eu vivo num jardim de areias, e o grão sou eu. L.A. Escrit

Trechos de uma história sem fim

Tentei mergulhar em Saturno para fugir das aflições e das estrelas, mas me senti um astronauta: eu conseguia flutuar pelas curvas do meu próprio Sonhar. Se era a imaginação pregando peças ou uma viagem interestelar, restou apenas a sensação de enxergar nada mais além do Sol se entregando ao deleite do mar. As primeiras nuvens da noite logo se transformaram em meus pés. Estar em um corpo era quase como vestir o céu. Logo percebi que a vida não se limita a sistematização do Tempo. Na mão esquerda eu segurava uma bolha com a idade do universo: com todas as memórias de todos os seres que existiram. Na outra mão uma bolha com a idade do futuro: constituída de sonhos e desejos. O universo não é eterno - concluí enquanto vivia o presente. Seres sem forma me saudaram enquanto eu corria pelos céus como uma criança alcança pela primeira vez o último andar de um escorregador. Há muito mais – eles me disseram – Há muito mais lá em cima! Olhei para baixo e o mar refletia as estrelas, olhei para

Tais de Oliveira Lino

O amor transformou-se em nuvens espelhando o céu em meu coração. Passei a sentir estrelas azuis preenchendo meu peito e criando constelações no estômago. E em cada ciclo zodiacal os teus olhos formam os traços de cada sonho que tecem as ilusões que você trouxe com seus passos de moça, de mulher, de anjo. Você, tão distante que meus meros dedos não te alcançam, não te tocam, não deslizam pors ua pele quente, não mergulham em seu calor humano. Na música do teu silêncio, pergunto-me se teus sinais representam um sim ou um não. Se sim, qual o próximo passo? Se não, qual o próximo passo? O destino é incerto, e cada escolha pode e deve alterar os caminhos dos nossos corações. Viver amadurecendo com nossos erros, ou aprender sozinho com os meus próprios erros. Abraçar ou permitir a partida, lembrando que te esqueci. Beijar aventurando-me em seus lábios de morango primaveris ou jamais tocar os teus com os meus e perdermos juntos a virgindade amorosa dos lábios, sem atos de amor todos