Vida

Tão mutável e absoluta
Seus laços tecem meu destino
E minha vontade, apenas:
Rende-se ao céu azul e finito:
pois toda a imensidão é limitada
pela minha percepção humana.

Se busco ascender e brilhar
Tão logo sou ofuscado
E tragado pela escuridão:
Do abismo - que nada mais é:
que um filtro para o coração:
Tudo que não for verdadeiro
deve ser eliminado.

Se olhar para dentro é despertar
Olhar para fora é sonhar?
Não, olhar para fora é encontrar:
Tudo aquilo que negamos:
As sombras e os desejos
Nossa própria loucura:
Pois o mundo é um reflexo:
da alma humana.

Esvaziar profundamente a mente
Liberta-nos do passado:
para sermos o presente, é perceber
que as memórias não nos definem
E que tudo aquilo que somos
Depende inteiramente do poder:
Do amor sem expectativas
Do amor pela vida.

Um amor que não quer,
Pois é tudo: a própria elevação,
Um amor que permanece,
O mesmo a cada estação...
O amor que flui:
por cada perna, braço e peito,
O amor que se torna o próprio corpo.

E por intermédio deste ato:
- porque o amor que não é um ato,
é paixão, apego ou qualquer outra coisa,
Todas as sombras se tornam amigas
Toda a dor, por um minuto, cessa
E em cada segundo neste estado
Toda a existência passar a ser
Apenas um momento de aprendizado.

Mas o amor não é a sabedoria,
É a escada, a janela, a ponte,
É comum temê-lo, pois o amor
Como agente de mudança
É destruidor, transformador.

A sabedoria é o próprio vácuo,
Jamais pode ser preenchida,
Somente o orgulho ocupa:
todos os espaços, e os livros
pesados e velhos, criam bibliotecas
A sabedoria é a lógica por trás:
da molécula de uma flor.

Amar é esvaziar o outro
De tudo aquilo que ele não é,
é uma compreensão mútua,
é a expansão de duas consciências
que deságuam no beijo espiritual

Infelizmente, a individualidade
É o pesadelo desta sociedade
Por não descobrirem em si:
os outros; a fagulha não acende
E por repetirem mantras, tais como:
“Ame a si mesmo, não os outros!”
Os corações estão criando prisões
O amor é expansivo e acolhedor
Infinitamente: uma vela alimenta:
outras velas, num ato que lembra
O próprio Big Bang criando estrelas.

L.A.
Escrito em 24 de Maio de 2018

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