"Apartamente" em Frente ao Bar

Seus olhos demonstravam o quanto de vida faltava nela
Seus gestos eram inconscientes, e ela sabia disto
Era toda errada, fingia-se de puta, e conseguia me iludir
Era sensual sem ser vulgar, fumava sem parar
A fumaça a envolvia enquanto mexia seus braços
Ficava a observa-lá de fora do bar que ela trabalhava
Mal sabia de minha existência
Os homens que tentavam tocá-la
Levavam um soco que jamais esqueciam

Quando terminava seu expediente
Ela andava pelas ruas escuras sempre de cabeça baixa
Não por medo, era outra coisa, que eu nunca soube
Não parava de fumar, quando sentia sede bebia uísque
Nunca mostrou dor, mas seus olhos eram sempre tristes e vazios

Nunca soube se ela tinha casa ou apartamento
Estava sempre a andar por aí
Sem se importar com nada ou alguém
A seguí por muito tempo, ela nunca me notara
Ou talvez, nunca se importou comigo também

Ela foi meu mistério por anos
Desapareceu igual como apareceu
Nunca soube seu nome, quando perguntava para alguém
Cada um dizia um nome diferente, alguns tinham medo
De falar sobre ela, ela sempre pareceu intocável

Hoje, ao olhar pela janela o bar que todo dia a via
Fico a tentar descobrir onde estaria, tal mulher tão inefável?

-Inácio Bucowsqui

2° Parte here

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