Eloquência em Vida

Partiu para nenhum lugar, mas também não permaneceu onde antes ficava. Viaja pelo vazio com olhos fechados porque com eles abertos enxergaria muita coisa, coisa demais. Caminha sobre um chão oco, em vácuo, dum vidro rígido. Sente, mas não vê - seus olhos estão fechados... Não tem medo, não há com o que colidir e se cair não sentiria dor maior que a sua, somente sua. Não se levantaria mediamente, no chão refletiria sobre os passos dados, perdidos, esquecidos, antigas lembranças de caminhos extintos. 
Não sorri, não chora, não demonstra nada... Não por ser insensível. Perdeu o cérebro, perdeu a loucura, vive do ar que respira por seus pulmões lentos e velhos em um corpo tão novo - saíra agora a pouco de um ventre. Não possui cor, incolor. Nem gosto, insipido. Nem luz, nem trevas. É vazio. Simples pote a guardar uma alma com brilho.

Yanos Talesin

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