Dr. Miquito

Nós deveríamos ficar,
Apenas observando a chuva
Neste lugar
Noites e noites de tempestades
Quando tudo que sabemos
É que elas passarão...
A espera faz nos fortes
Não chore querida
A tempestade passará

-Quando papai?
-Quando o tempo quiser
-Você não pode pedir para ele?
-Ele é teimoso, igual seu avô, meu pai.
O pai foi dormir, a criança permaneceu na janela, a esperança que o tempo criasse juízo florescia em cada vez mais dias em seu coração de criança. A tempestade trovoava, quebrava galhos, interrompia estradas, impedia rosas de crescer e o sol de aquecer...
-Ainda na janela, minha filha? Já quase não vê por ela...
Os suspiros de agonia fizerem do vidro uma fotografia embaçada.
-Ainda tenho esperança, papai.
Aniversários passaram, amigos se foram, e enquanto a morte corria por casas e noites, a garotinha esperava a tempestade passar. Seu pai, já velho por causa da impaciência do tempo, consolava-a.

O final...?

A tempestade nunca passou
Seu pai falecera alguns dias depois
De consolara

Mas o quê causara tal tempestade?
Esqueci de contar
Seu coelhinho, Dr. Miquito
Morreu em seus braços
Quando a garotinha
Era bem novinha,
Em seus sete anos de idade
Desde então... Até hoje
Aos seus 98 anos de vida
A velhinha garotinha
Espera a dor da perda passar
Uma tempestade
Que nem o tempo pôde curar

O mundo inteiro se ia e vinha, enquanto ela esperava...
Por quanto tempo você irá esperar?

...Lucas Augusto...

Transmutação

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