Os olhos que se abriram

Era uma vez num mundo não tão distante assim, um bosque perdido, intocado pelos homens, um lago obscuro tornava esse lugar místico, ali perto numa casinha feita de madeiras já velhas, vivia uma donzela cega, vivendo seus dias em companhia da solidão, sem poder chorar... De seus pobres olhos doentes não escorriam nunca nenhuma lágrimas, não por falta de tristeza, e sim pela doença...
Plantava para sobreviver, acordando sempre ao amanhecer... Sem saber, para a bela donzela sempre era noite, ela nunca conheceu o dia... Mergulhava-se em lágrimas interiores... Lágrimas que só ela conseguia ver, só ela conseguia sentir... Embora a tristeza a consumisse ás vezes por corpo, outrora tentasse tocar a alma... Lá no fundo, ela guarda a esperança que a mantinha viva, a esperança de sua salvação, a esperança de conhecer o que muitos chamavam de amor. Passaram-se dias, passaram-se anos.
Um jovem rapaz estava a entrar naquele bosque, não por coincidência, por intuição de seu coração, andava sem destino, parecia guiado por forças invisíveis.
Depois de tanto caminhar por trilhas e partes sem trilhas, ele chegou ao barraquinho da bela donzela, já estava escurecendo, ele estava com fome, e com sede, se aproximou e bateu na porta delicadamente.

Toc Toc

A bela donzela despertara de seu sono profundo e triste.

-Quem está ai fora? – Disse a Donzela.

-Desculpe incomodar, estou com fome e com sede, poderia me oferecer um pouco de alimento?

A bela donzela de tanta tristeza já não tinha mais medo de nada... Levantou-se e abriu a porta para o estranho. O belo jovem se assustou e ao mesmo tempo se emocionou, de olhos fechados, aquela beleza incomum o cumprimentava, cabelos pretos, pele num tom que ele jamais havia visto, um perfume, não de flores, ela tinha o cheiro do céu, naturalmente, como se isso fosse para ser feito naquele momento, o belo jovem avançou delicadamente e tocou com seus lábios os lábios doces daquela donzela, e num ofuscante brilho, seus olhos se abriram, agora não eram mais brancos, e agora choravam... Chorava como a primeira vez, olhos virgens... Nesse instante, o instante mais longo e profundo, ela conheceu o Amor, e o belo jovem tocou o paraíso na Terra.

Yanos Talesin

Comentários

  1. Linda Estória Lucas... me fez lembrar uma cena do filme Centurião, em que o personagem principal, para fugir, se refugia na casa de uma jovem solitária, isolada por ser vista como um bruxa, feiticeira! E nasce um atração e um amor lindo entre eles... parabéns pela estória, amei! =)Faby cascaes

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  2. Vou tentar procurar esse filme *-*
    Obrigado. ^^

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