Estão batendo na porta

Tudo escureceu;
Já não vejo nada;
Não sinto mais nada;
Está tudo escuro como na noite que andei pelas ruas;
Está tudo frio como na noite que meu Amor me deixou;
A morte está batendo na porta;
As janelas se rebatem com medo;
Sinto um ar gélido me envolver;
A morte acabou de entrar;
Seus passos são curtos, fazem poucos ruídos;
Deitei-me agora em minha cama;
Ela entrou em meu quarto;
A última luz que eu havia visto, desapareceu;
Agora sim, está tudo escuro;
Algo está tocando meu rosto;
Começando pela testa;
Os toques estão descendo;
Toca meu queixo;
Chegou em meu peito;
Parou;
Meu coração dói;
Choro espontâneamente;
As lágrimas descem pela minha face;
Eu não sinto-as;
Mas sei que descem;
É chegada minha hora, posso sentir isso;
Algo está sendo arrancando de meu peito;
Não, não é meu coração;
Meu coração ainda bate, mas está parando;
Está parando... Aos poucos;
Sinto que agora darei meu último suspiro;
Meu último... Suspiro...
Em apenas um segundo;
Toda minha vida está passando diante de mim;
Como um filme;
Sinto novamente;
Todo sofrimento que passei;
As poucas, raras, alegrias que vivenciei;
Agora eu sei o que está sendo arrancado;
Minha alma, ela foi arrancada nesse exato momento;
Eu agora...
Não sinto meu corpo;
Agora...
Onde estou?
Continua tudo escuro;
Não há vozes;
Nem a minha;
Não estou respirando;
Não sinto meu coração a bater...
Não tenho alma;
Estou triste, muito;
Mas não consigo chorar;
Estou perdido...
Essa foi...
A última linha...
De minha...
Vida.

...Lucas Augusto...

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