Mortas Palavras

-Por que Mortas Palavras?
-Meus poemas antes de serem escritos ou sentidos por mim, estão mortos por aí... Dizem eles, que agonizam dias e dias a procura de um poeta sofredor.
-Poeta sofredor?
-Poetas sofrem quando sentem... E estão sentindo a todo o momento, sempre tem um poema, um verso... Flutuando pelo ar, sendo levados pelo vento...
-Pessoas também carregam poemas?
-Sim, carregam muitos... Embora não sintam, os poemas estão implícitos em seus passados, momentos e talvez sorrisos...
-Então existem poemas em todos os lugares?
-Sim.
-Até em um pedaço de pau?
-Sim.
-Mostre-me então um poema em um pedaço de pau  - pediu todo incrédulo.

O poeta fechou os olhos por alguns instantes, mal respirava, passado alguns poucos segundos, começou a recitar ainda de olhos fechados:

Pedaço de madeira, a mercê da chuva
Onde esteve antes de se atolar neste presente?
Talvez, foi um guarda-roupa...
E tratava as roupas como se fossem suas
Talvez, fez parte de um sofá!
E aconchegava seus donos
Quando estes entravam em filmes
Ou novelas...

Ou ainda, teve um belo passado...
Serviu de base à um computador
E quando sua dona ou dono choravam
Escondidos de outros
As lágrimas caíam em você...

Mas que pena, com tão belos passados
Hoje você está aqui...
Largado no mato... Boiando na chuva...

...Lucas Augusto...

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