Entrevista com o Sofrimento I

Com Yanos Talesin

Hoje vamos entrevistar Yanos Talesin, sobre seus momentos de sofrimento e solidão, espero que gostem.

-Olá, Yanos, como se sente?

Sinto-me como se todas as minhas dores escorressem por meu coração quebrado. E você?

-Estou bem, obrigado. Vamos logo a nossa primeira pergunta, que nosso tempo é curto!

Sim, claro.

-Como é sofrer tanto?
Depende, às vezes se sofre com lágrimas caladas, o sofrimento é tão seco que não gera lágrima alguma, embora por dentro aconteçam tempestades. Noutros momentos você chora compulsivamente, têm vontade de gritar, mas nem sempre você pode gritar, porque você não quer que ninguém o ouça, então fecho os olhos e grito por todos os meus universos interiores.
-É normal você usar a primeira e segunda pessoa quando fala?
Sim, embora o sofrimento seja meu, sempre penso nos outros e isso confunde um pouco meu discernimento.
-Quando foi que começou a sentir o sofrimento?
No colégio, quando as primeiras garotas que gostei me recusavam.
-Você não acha que isso é um pouco de auto piedade barata? Ser recusado é normal, acontece com todo mundo.  
De fato acontece com todos, mas não são todos que sentem o mundo como eu sinto, eu sinto demais e às vezes não consigo parar. Mas essas recusas nem me abalaram tanto sentimentalmente, o quê me abalou muito foi quando senti amor pela primeira vez e fui recusado, amor não acontece com todos, certo? Sofri sim, e desejei a morte.
-Você parece evitar isso. Falou bastante das recusas primárias, mas quando começou a falar do amor não recíproco voltou para trás e parou, continue, seja detalhista.
Desculpe-me, é que não gosto de lembrar, mas aceitei fazer esta entrevista, estou disposto a continuar. Não digo que aquele sofrimento intenso me evoluiu, nem que aprendi mais sobre a vida com ele, me proporcionou muitas lágrimas, antes dele eu não sabia que uma pessoa conseguia chorar tanto, tão compulsivamente e desejar tanto morrer. O engraçado é que depois de um tempo, nós mesmos passamos a nos torturar com as lembranças, passamos a gostar de sofrer, e rimos sinistramente quando os sentimentos, aí que beira o perigo, aí que surgem dois caminhos, a aceitação e o abismo sem fim.
-Abismo sem fim?
Algumas pessoas, não é o meu caso, se perdem no sofrimento, e nunca mais sorriam de verdade, o próprio sofrimento estampa uma mascara de auto proteção em seus rostos, vi muito disto.
-Porque tem tanta certeza que este não é o seu caso?
Por mais que eu queira, meu coração não monta barreiras, não ergue mascaras, está sempre à mostra, mesmo estando quase morto nesses dias. Não consigo ser um muro impenetrável.
-As mulheres têm medo de você segundo alguns escritos seus? Como você encara isso?
Não encaro, sofro por ser quem sou, é inevitável. Sou muito intenso e prático com meus sentimentos, as mulheres vivem as suas vidas inteiras dizendo que faltam homens sensíveis e que as compreenda, no fundo isso é pura hipocrisia, sou a prova disso, elas gostam de quem as fazem sofrer e não de quem as escutam.
-Qual sua opinião quando uma mulher diz que é apenas sua amiga?
Nunca entendi isso, na minha visão sentimentos são escolhas, mas na vida humana significa que ela não sente nada por mim.
-O que você diz quando para uma pessoa quando ela te recusa?
Depende muito, às vezes a pessoa é muito próxima e fica dizendo que têm medo de me machucar, neste caso eu que acabo a consolando, irônico, não? Em outros eu parto para o lado oposto e tento seguir minha vida, mas em ambos os casos, sempre há dor, decepção e lágrimas.
-Qual sua música preferida?
Lose You, do Pete Yorn, sem sombras de dúvidas, às vezes tenho medo de escutá-la, ela desperta minhas dores mais agudas e ocultas, traz a tona muitas lembranças e visões.

Bem, nosso tempo está esgotado, mas voltaremos em breve com a segunda parte desta entrevista e futuramente traremos para outras entrevistas, Lucas Augusto e Inácio Bucowsqui! Até mais!