Trechos de uma história sem fim

Ao fim de uma tarde de Primavera, ao som de solos de piano silenciosamente enlouquecedores, lembrei do seu sorriso que nunca vi e do seu cheiro preenchendo minha imaginação, porque mil e uma espécies de rosas desconhecidas deste e de outros mundos não constroem em mim as nuances do seu cheiro encantador. Dos desejos corporais guardo a vontade em brasa de grudar seu corpo no meu e sentir o calor que rege sua vida e controlar a velocidade dos batimentos do seu coração com a intensidade dos meus beijos. Tocar as partes secretas do seu corpo, procurando pela quintessência do seu sabor sobre os gemidos da sua loucura forjados pelas minhas fantasias antigas e recém-criadas. E neste jogo de desventuras trocar de posições como quem troca de alma, queimar suas roupas num calor de sessenta e nove graus. Conhecer a maciez da sua pele, navegando por suas curvas marítimas imprevisivelmente sedutoras e tempestuosas, te atingindo com ondas de prazer e ser afogado em sua maré de entrega e perdição.

E ao fim da noite abandonada por um amor sem fim, apreciar o momento sem pressa, sem forçar os minutos e as horas. Segurar sua mão direita com firmeza para não te deixar cair no precipício que é o entardecer da partida. Lentamente entrelaçar sua mão esquerda com a minha para você me guiar entre os labirintos infinitos da saudade. Porque o amor é mútuo e faz nossas limitadas mentes se perderem entre as margens das emoções naufragando com os medos de partidas que na realidade não existem de fato, o amor é um plural de incontáveis reencontros.

E eu sei que me observará com seus olhos verdes, tentando descobrir se quero ir ou ficar, se não gostei de algo ou se aspirava por outra coisa, e em seus olhos curiosos me perderei com os mesmos pensamentos. De repente, o amor pulsará forte, removendo todas as dúvidas bobas e começaremos a rir, mesmo sem pronunciar uma única resposta, ambos saberemos que os sorrisos nascem quando pensamentos negativos se dissolvem. Beijar-nos-emos neste instante.  E no gosto sereno faremos amor como os beija-flores descobrem pela primeira vez quão doce pode ser o sabor da primeira flor de suas tão nossas curtas vidas.

L.A.



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