Trechos de uma história sem fim

Aos quarenta anos, Juvenal era o homem mais inteligente do Estado de Louisiana, dez anos seguidos em primeiro lugar em testes de QI. Leu de Platão a Shakespeare, e deste a Stephen King. Também era versado em Matemática, tendo formação em Economia, Literatura Inglesa e Francesa. Conseguia se comunicar em oito línguas diferentes, e nas horas vagas tocava como pianista no bar da cidade.
Por que? Por que tudo isso? – Ele começou a se perguntar, na véspera de seu aniversário. Sentia que não sentiu nada em sua vida por ser ateu, não religiosamente: Juvenal não acreditava no amor. E o amor é uma espécie de divindade. Consegue falar fluentemente oito línguas, mas paralisa-se ao tentar falar com o coração. Sente, subitamente, pensamentos intrusos nunca pensados antes: Perdeu 80% da essência dos poetas franceses, pois Juvenal entendia as palavras, porém não as sentia, e sem sentir não há compreensão.
Shakespeare escapou da sua memória, porque sem emoção não há fixação. Memórias vazias, contexto artístico oco. Sente como se fosse um bebê, terá que ler tudo de novo, e escutar todas as suas músicas preferidas novamente, porque o amor também é a força motriz da audição. E não importa quão bom ele é com números, o amor não se resume em uma equação.
- Hoje eu não faço quarenta e um anos, mas um ano novamente - pensou.
Sentiu tudo isso, ao olhar para ela. Desconhecida. Seu novo e primeiro amor. Percebeu o cheiro dela há dez metros de distância, não por causa da qualidade do perfume, mas por ela parecer estar dentro dele há milênios. Como se toda a vontade gasta estudando os que estudaram a essência da vida, fosse para encontrá-la: Nos poemas, nas crônicas... Em Hamlet, Na Divina Comédia, com Arthur Rimbaud ou Charles Bukowski.
Não, não se pesquisa sobre amor, Juvenal. Nós é que somos objetos de estudo dele.

L.A.

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