Trechos de uma história sem fim

A floresta escura é sua única amiga, as árvores ressoam seus galhos e a escuridão se movimenta formando rostos e letras. Mas Lúcio não sente nada além de inspiração. Poemas exalam dos seus poros, substituindo o suor por poesia. Os pernilongos se afastam, os corvos e corujas pousam em seus ombros. Entre folhas emburacas ele consegue ver as estrelas, como laços rompidos há muito tempo que deixaram de brilhar, crescem e apenas marcam uma falsa existência.

O coração de Lúcio está sempre vibrando uma energia ancestral, velho demais para este mundo, novo demais para a vida. Não são os Poetas uma incógnita sem resolução? Lúcio sente poemas das cascas das árvores, no bico da coruja em seu ombro, nas trevas brilhando no olhar do corvo, nas cicatrizes da lua, no cheiro de noite com mato molhado, nos sons sobrepostos de centenas de insetos e dezenas de animais, no movimento das folhas novas, maduras e descascando no chão. Tudo, ao mesmo tempo formam a dualidade da plenitude poética ao redor e interpenetrando sua íris.

Poetas constroem muros com apenas um olhar, mas se abrem para o mundo na mesma velocidade que destroem e reconstroem seus corações. Engenheiros da vida. Alquimistas espirituais.

L.A.

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