O Amor que nasceu sob a lua

Numa noite tranquila, um jovem resolveu sair pois não estava com sono, mesmo a noite estando tranquila. Andou sem rumo pelas ruas, apenas andou, não havia ninguém, as ruas estavam todas desertas.

-Acho que estão todos dormindo- Disse o rapaz.

Continou andando, não demorou muito e ele avistou um parque, as árvores eram medianas, estava aberto, só se ouvia o som das corujas. A lua estava cheia, iluminando todo o céu...
Sem pensar, sem desejo algum, apenas sem sono, ele resolveu entrar naquele parque...
Ao caminhar por dentro do parque, ele avistou sentada num banco, uma mulher, seus cabelos eram loiros, seus olhos tão azuis quanto as estrelas, vestia-se de um vestido não muito longo, todo branco...
O jovem aproximou-se e disse a ela:

-Você é um espírito? - Lançando um sorriso.

A mulher que estava distraida olhando para a lua, virou-se para o rapaz, uma brisa fez seus cabelos seguirem o vento, dando um tom de sutilidade para aquele momento, e então ela disse:

-Que eu saiba não, e você é uma alma penada? - Lançando outro sorriso.

Os dois riram olhando um para o outro.

- Não não, só estava sem sono, e resolvi andar por ai... E você, o que faz uma mulher tão linda num parque a essa hora da noite?
-Olhando para a lua... Gosto de sair nos dias de lua cheia, para ficar olhando para essa enorme bola brilhante, enquanto todos dormem, ela brilha... Parece uma guardiã dos sonhos...

Os dois não paravam de se olhar, não se sabia se era a luz do luar, mas havia algo mágico entre eles.

-Você acredita em destino? - Perguntou o rapaz.
-Não sei ao certo. - Respondeu a mulher, abaixando a cabeça.
-Não acha estranho, entre centenas de noites, eu sair logo em uma de lua cheia e vir justamente nesse parque ao seu encontro? - Falou o Jovem pegando com carinho no queixo da moça e levantando sua cabeça.
-Talvez pode ter sido a lua que iluminou seus pensamentos...
-Eu prefiro dizer que foram as estrelas que me guiaram até você...

Os dois se olharam profundamente por longos segundos, o parque estava num silêncio absoluto, dava para ouvir o coração do jovem e da moça batendo mais rápido a cada segundo que ambos se mantinham olhando um para o outro... Então num suspiro rápido, o jovem roubou um beijo dela...

-O que foi isso? - Perguntou a moça...
-Desculpe, eu vou embora.

O jovem levantou-se rapidamente.

- Não, não, espere, não peça desculpas, eu perguntei o que foi isso que meu coração fez, quando me beijou eu senti uma dor muito boa no meu peito e uma paz em minha alma, foi o melhor segundo de minha vida. Eu nunca havia sentido isso com nenhum homem...
-Talvez seja o poder das estrelas... - Respondeu o jovem.

A moça levantou, abraçou ele bem forte e sussurrou em seu ouvido:

-Eu acredito mais, no poder do Amor... Você promete me amar por toda eternidade?
-Me abrace mais forte. - Respondeu o rapaz.
-Porque?
-Quero que nossos corações batam o mais próximo possivel, só assim posso responder que sim, te amarei por toda eternidade, você consegue sentir?
-Sim, eu sinto nossos corações juntos em cada batida, eu sinto com isso, a sinceridade de suas palavras e o seu profundo sentimento por mim. - Respondeu a moça, saindo lágrimas de seus olhos.

E os dois, sob a luz do luar, sob as estrelas, e governados pelo poder que há no Amor, se beijaram por um longo periodo, até a moça dizer:

-Tenho que ir agora...
-Porque? Ainda nem amanheceu...
-Um dia nos veremos novamente.
-Tudo bem, eu te amo. - Disse o rapaz.

E ele ficou olhando ela indo...

Então ela se foi, o jovem deitou ali naquele banco até o sol aparecer no horizonte, e acoda-lo com sua forte luz, ele levantou e foi para casa, ainda pensando naquela linda mulher que tocou seus lábios.

Semanas se passaram...

Ele estava radiante de alegria, era dia de lua cheia, dessa vez ele não podia esquecer de pedir o telefone daquela linda mulher, a noite chegou e exatamente no mesmo horário do outro dia ele seguiu para o parque, mas chegando lá para surpresa dele, ela não estava.

-Ela deve estar atrasada. - Pensou o rapaz.

As horas iam passando e ele não conseguia disfarçar a tristeza. Chegou o sol e ele caminhou em direção a sua casa, lentamente, lágrimas jorravam de seus olhos e se torturando ele pensava:

-Foi apenas um sonho? Ou uma alucinação?

Anos se passaram...

E mesmo com o enorme aperto no peito e as lágrimas que jorravam todas as noites de lua cheia naquele parque, ele ia esperar sua donzela, todas as noites, pois seu Amor é eterno.

Décadas se passaram...

Ele ficou mais velho, mas mesmo não tendo todo aquele pique como na juventudo ele ia andando devagar para o parque, todas as noites de lua cheia... Lá ele ficava, embora tivesse passado 50 anos, nehuma noite ele deixou de acreditar no Amor. Uma noite ele estava com uma forte dor nas pernas, sua cabeça doía muito, mas mesmo assim, era noite de lua cheia e ele tinha que ir... Ele chegou e sentou naquele banco, havia flores envolta do banco que ele havia plantado para o dia que sua amada voltasse, flores de todos tipos de cores.
Nesse dia uma mão o tocou e pegou em seus cabelos, ao olhar para trás, ele a reconheceu, era sua amada, seus cabelos com a brisa voavam, seus olhos com as estrelas brilhavam.

-Você veio todas as noites? - Perguntou a moça.
-Sim, eu contei as luas foram 598 até hoje...
-Desculpe não ter vindo, poucos dias depois daquele nosso encontro eu sofri um acidente e fiquei em coma por todos esses anos. Pensei que tinha me esquecido...
-Nunca! Meu Amor por você é eterno, lembra?
-Sim, eu lembro. - Respondeu a moça com olhos profundamente comovidos.

Nesse mesmo instante os dois se beijavam e logo como já estavam velhinhos, ela foi para casa dele, e ambos viveram até os últimos dias de suas vidas se amando como se fosse a primeira vez.

"Sob a luz do luar o Amor sobreviveu, sob as estrelas ele se enobreceu, e com os corações vivos ele se tornou eterno"

Yanos Talesin

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