A libertação do Amor.

Aos arredores de uma pequena cidade, no interior de um país distante, encontra-se um velho homem, com quase 90 anos, para todos turistas que passam por lá, ele conta com carinho o que ele diz ser uma lenda.
Uma vez viajando para esse local, no qual não posso citar nomes, tive o prazer de conhecer tal senhor. Me apresentei e não precisei pedir, ele sabia que eu precisava escutar a sua lenda, nos sentamos numa rede, e admiramos o horizonte e então ele começou:

-Há muito tempo, perto daqui, havia uma torre cinza, cercada por uma vegetação grossa e rebelde, num vale obscuro, perdida num lago sem esperanças.

-No alto dessa torre uma jovem com cabelos negros, corpo esbelto, e olhos da cor do mais puro mel, era mantida presa nos próprios sentimentos, sentimentos tão obscuros quanto o vale...


-O tempo passava devagar ali, quase sempre sozinha, as vezes suas lembranças eram sua própria companhia. Seu nome? Ela não tinha nome...






Ele deu uma pausa, e eu perguntei:
-O que aconteceu com ela?
Ele não respondeu, olhou nos meus olhos, voltando para o horizonte novamente, continuando a lenda.

-Não muito longe dali, em uma casa abandonada, esquecida pelo tempo, cercada pelas altas árvores, num silêncio absoluto, um jovem triste, chamado Juan que não fazia nada mais nada menos do que finjir que vivia... Amargurado e isolado, vivia seus dias, sem emoções... Seus meses sem sentimentos, seus anos... Estes ele nunca conseguia viver realmente.

Lágrimas escorreram dos meus olhos, aquele senhor contava a lenda com tamanha profundidade, que o os olhos dele ofuscavam o próprio som de sua voz...
Ele continuo a lenda, também estava chorando...

-Uma noite então... A doce donzela, estava perdida, chorando naquele chão duro feito de pedras, começou a pensar em tirar a própria vida. Porque eu sou diferente!? Porque as pessoas não me amam!? Com gritos agonizantes em direção do horizonte. Seus olhos ficavam vermelhos de tantas lágrimas... E sem forças mais para chorar, ela desmaiou...


-Se entregando aos seus sonhos. Ao despertar no dia seguinte lembrou-se que em seu sonho estava correndo pelo vale, ao lado de um homem, ambos sorriam, ambos eram felizes, seus lábios se completavam, seus toques eram carinhosos e suas palavras proferidas com carinho. Ao lembrar, ela chorou ainda mais...

-O jovem Juan, também havia lembrado de seu sonho naquela manhã... Sonhado apenas com uma voz, lhe dizendo para ir para o norte... Repetindo centenas de vezes...
Dias se passaram, a curiosidade corrompia Juan, há muito tempo não tinha ouvido outra voz a não ser a própria.
-Numa vontade súbita, ele começou a correr em direção ao norte, corria, corria, sem parar um segundo se quer, uma força, crescia dentro dele, e ele corria ainda mais rapido, chegando depois de alguns instantes ao um lago negro, sem vida, sem esperanças...

-Uma profunda tristeza tomou conta de seu coração.
-Ao olhar para o norte, avistou uma torre enorme, apenas com uma janela... E por essa janela, ele a viu... A tristeza que sentia, sumiu rapidamente, seu coração parou por alguns instantes, voltando a bater mais rapido do que o normal, o tempo parou por alguns segundos, seus olhos não conseguiam piscar, e ele sentia a enorme vontade de conhecer aquela mulher.

- Será um Anjo ou uma miragem!? - Exclamou o rapaz.

-A doce jovem, também o viu, e lembrou imeditamente que aquele era literalmente o homem de seu sonho, e pela primeira vez, ela sentia felicidade, seus olhos que já brilhavam por natureza, agora brilhavam mais que a lua, seu cabelo, flutuava quando o vento passava...
Juan correu para a perna da torre, exclamando:

-O que uma bela donzela faz em uma torre tão sem vida?
-Dou minha vida a essa torre. - Falou a jovem, ficando vermelha.
-Doce donzela possui um nome?
-Sempre me chamaram de nada. Com uma afeição triste...
-Como poderia ser um nada, se vejo em você tudo que sempre procurei? Posso dar-te um nome bela donzela?
-Surprendendo-se com a resposta a doce jovem respondeu sem pensar:
-Claro!
-Poderia te chamar de rosa... Mas enxerguei em você todo um jardim.


-Poderia te chamar de lua... Mas só seus olhos brilham mais que ela.


-Poderia dar um nome comum... Mas como? Se você tem a beleza mais diferente que existe.

-Já sei! Vou te chamar de céu! Há não... Só sua alma já me leva para todo o céu, me fazendo flutuar. Juro que vou pensar num nome para ti, linda donzela! Porque não desce até aqui?
- Desculpe-me, não existem portas nessa torre, o único buraco é essa janela, por onde eu nunca vi de onde vem esse brilho que ilumina o dia, e encerra a noite...
- Se chama sol, bela donzela, e é parecido com você...
-E você qual seu nome?
-Me chamo Juan, muito prazer...
-Não sei se posso confiar em você Juan, todos homens que confiei só queriam meus beijos, e meu corpo, este eu nunca dei a nenhum, como vou saber que você é diferente?
-Quer uma prova? Vou tirar-te dessa torre contruindo uma escada...
-Levaria quase uma vida para essa escada ficar pronta, você enjoaria de me ver todos os dias.
-Prefiro tentar e ter a possibilidade de ter uma vida com você, do que nunca ter tentado e ter uma vida sem você.

-O jovem saiu correndo, em direção de sua casa, e todos os dias, ele construia parte da escada, dia após dia, sozinho, sem ajuda, passaram meses, anos, mais meses, e o jovem chegava mais perto, os meses passaram devagar, mas ele não desistia, movido por uma força sem fim ele começou a trabalhar dia e noite... Sem saber, passaram-se 12 anos.


-Um dia, o sol amanheceu com um brilho intenso, o céu estava totalmente azul, os pássaros não paravam de cantar, havia esperança e peixes no rio, havia rosas para todos os lados.
-A bela donzela não acreditava no que via atráves de sua janela...


-O mundo tinha vida. E quando ela olhou para baixo, subindo a escada na direção dela, estava Juan.. Depois de 12 anos, ele não havia desistido e olhava para ela, com ainda mais desejo. E então ela teve a certeza que aquele era o homem de sua vida. Os dois não disseram nada... Apenas se beijaram... Se beijaram profundamente...
-E ele sussurrou em seu ouvido:
-Viu você trouxe a Magia novamente ao mundo... Já sei um nome para minha donzela... Seu nome será Amor...Sinto uma grande profundidade nessa palavra, meu Amor.
-Ambos desceram, não largavam a mão do outro, brincavam com os peixes, se jogavam nas rosas... Aqueles segundos eram eternos...

Ao terminar aquela lenda, o senhor estava sorrindo levemente, seus olhos olhavam fixamente para o horizonte. Chorava de emoção, uma energia muito amorosa tomou conta do meu corpo.
Uma velha senhora se aproximou dele e disse:

-Vamos tomar café meu Juan?
-Vamos sim, meu Amor...

"Não existe tempo que o Amor não vença, não existe barreira que o Amor não vença, pois quem ama verdadeiramente, vai além do tempo e de qualquer barreira, vai além até mesmo de toda eternidade"

Yanos Talesin

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