Mendingando

Num ponto de ônibus incomum
Estava eu, a esperar
Carros passavam constantemente
Ao olhar para o outro lado da rua
Notei, imersalmente
Um mendigo, vestido de verde
Barbudo, como os mendigos são
Ao conseguir atravessar a rua,
Veio em minha direção
Olhou-me nos olhos
Por entre a lente de meu óculos
Calmamente me pediu uma moeda
Bem calmamente,
Nunca vi mendigo com pressa
Eu, infelizmente,
Não tinha moeda nenhuma
Parece até que ele pressentira,
Antes de eu, educadamente,
Tristemente também,
Dizer que não tinha...
Ele, voltou os olhos para o chão
Pude ve,
Uma decepção triste em seu gesto
Voltei os pensamentos
Para minha mãe ao lado de mim
Logo senti,
Que ela não daria uma moeda
Ao pobre homem
Um pouco depois desse momento
Bem pouco depois,
Mãe minha, perguntou e falou
Que ela devia ter dado uma moeda...
Mas, já era tarde
O pobre mendigo
Estava ao longe
Olhando para o chão
Procurando uma moeda
Para se alimentar dum pão

Ao subir no ônibus
Sentado na janela
Vendo e sentindo
Tudo passar...
Não pude esquecer-me
Do pobre mendigo
De minutos atrás
Como pode todos dormirem bem?
Como pode eu dormir bem?
Enquant,
Pessoas passam fome
E frio chorando numa calcada fria
Alguns dizem que passamos
Pelo aquilo que merecemos
Mas seria merecedor a mim mesmo
Ajudar quem precisa
Talvez o pobre mendigo
Fosse alguém ruim para os filhos
Sendo expulso de casa
Talvez até um foragido
Mas, creio que em sua sacola
Ele levasse cobertores rasgados
Creio que
As coisas só importam
No momento em que acontecem

Yanos Talesin

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