Faca gélida

Há... 
Eu sempre soube
Que não chegaria
Ao vinte e poucos 
Dessa vida

O peito volta a doer
E não sei...
Se vou aguentar dessa vez
A respiração oscila,  
O ar falta

Mas, eu sei...
A culpa é minha 
Somente minha 
Por tudo...
Por eu ser assim...
Por tudo estar como esta

Os olhos pesam
Querendo fechar eternamente 
Os braços mau conseguem...
Segurar a faca 
Que logo
Perfurará esse coração perdido
Perdido em si mesmo

A mão tremulá
Erra em cada linha
Cansada de tanto 
Já ter escrito...

Tudo esta muito pesado
E não tenho forças suficientes
Eu irei cair
Cair no abismo sem fim
Eu sei que irei

Esta tudo muito escuro
A vela deseja se apagar
Eu sei, sei por que sinto
O lápis esta quase no fim
Assim, como essa vida 

Sei que sou inútil
Sei porque sempre foi assim
Sei que sou só
Porque quem amo
Sempre me deixou

Sei que não há esperanças 
Sei porque nada mudou, nunca
Sei que não há amor
Sei porque nunca o vi

Pela janela...
Não há estrelas 
Lua ou sol
Apenas a rua molhada
Sendo iluminada 
Pelos faróis acessos

A faca esta gelada
Quando ela toca-me 
Sinto um arrepio
Porém
É preciso o gelo dela
Para matar o erros 
Matar a dor
Matar o coração 
Parar o sangue
Matar a mim mesmo
Libertar o espirito 
É agora
Não há luz, nunca houve
Só há, escuridão.

Yanos Talesin  

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