15/01/2014

❥ As mãos são os pontos do coração - quando duas mãos se tocam, dois corações se unem.

Cheguei adiantado para não permitir que o tempo fugisse entre nossos corações, no trem e no trólebus eu parecia o único vivo: Mas na verdade era meu coração que respirava em prol dos momentos que chegavam. Isto pode ser considerado a vida mais bela: Quando no peito ferve as essências de sentimentos puros.

❥ Eu te encontrei, mas foram suas mãos me encontraram.

A ansiedade percorria em pistas curvas as faixas do meu coração e de meu estômago. Porém, diferente de outras vezes, não machucava, ao contrário: Traçava em mim o caminho para os braços dela, o carinho, o olhar, o amor, a falta de ar... No momento, no instante perfeito que a vi, senti minha boca entreaberta ficar.

A mais bela de todas, eu posso afirmar, sem sombras de dúvidas eu não conseguia nem ao menos respirar... A timidez se instalou em mim e entre uma parede me escondi, mas ainda sim enxergava os lindos olhos que procuravam por algo - aquilo que ela precisava. Em sua direção minhas pernas foram, ninguém viu, mas também ia: O coração, a alma, o carinho. Deslizavam entre meus dedos, pulsavam em meu peito, dançavam ao meu redor criando a felicidade com amor.

Colocou seu braço entre o meu e naquele momento eu senti: Este é o único lugar que eu devo estar com a única pessoa que existe em mim. Sua pele macia deslizava sobre a minha: Em atrito, suavemente, duas nuvens se fundindo e gerando a mais bela tempestade para novos tempos, e novos toques.

Mas o ato mais puro e mais sincero ainda estava por vir, um sonho se realizará e eu mal sabia. Surpreendido, ela realizou o sonho mais profundo que dormia em mim chorando há anos: Pegou minha mão e entrelaçou nossos dedos, sem soltar. Aquele momento poderia ter parado para sempre. Por que não parou? Desnorteado fiquei e num segundo para o outro: Pensei que estava em um sonho, e viver um sonho, não é propriamente viver, mas existir além do tempo e além de todas as dores já sentidas: A felicidade completava-me e seu olhar me explorava tocando-me por dentro gentilmente enquanto em nossas sombras eram uma só unidas por nossas mãos dadas. Não apenas as sombras, não é mesmo? Agora o sonho sorri e existe em mim como existe em você.

❥ As mãos continuaram juntas, e os dedos se tocavam brincando de fazer amor.

O sol forte queimava, mas era meu coração que me aquecia. Ouvir ela era presenciar a mais bela das sinfonias humanas, a tocar era deslizar meus dedos pelo seu próprio coração, sentir seu doce cheiro que refletia seus sentimentos me fazia flutuar com a brisa, contempla-la me fazia perceber que nenhum pintor que já existiu ou existirá, de Picasso a Van Gogh, a retratariam: Seus traços iam além de qualquer cor. Ela só pode ser representada pelo amor - Os quatro sentidos do coração. O último representará a alma.

E de repente, no momento exato que a vergonha passou: Eu a sentia, eu a vivia, eu a amava no presente, porque nenhum passado e nenhum futuro cuidariam também do amor. O que sentimos de verdade sempre está no presente. A olhava sem parar, gravando sua forma, seus fios de cabelo cheirosos com pontas que tentavam alcançar-me, seu sorriso tímido que entrava em mim de uma forma carinhosa, praticamente fazendo-se eterno em minhas memórias e as janelas da alma dela onde pude vê-la como se enxergasse todas as coisas mais belas que existem e existirão... As formas sutis dos braços que pareciam existir exclusivamente para contornar minha vida.

❥ As mãos não se desprendiam, não estavam presas - jamais, apenas desejam mais que tudo estarem unidas.

Enquanto o filme passava, pipocas eu colocava em sua boca. E entre uma e outra, e entre um carinho e outro eu via sua língua pequena e feliz, doce e simplesmente inefável. Mas não, não a beijei, não neste dia. O beijo precisa ser criado entre cada carinho, e não simplesmente dado como se fosse uma necessidade banal. O beijo é a confiança e os toques dançantes do amor: Forjado precisa ser para em duas bocas repousar o indescritível quinto sentido da alma: O paladar.

❥ Nas cenas mais belas seus dedos me acordavam com carinho, felizmente o filme possuía muitas cenas bonitas. Acordei para o sonho ou para a vida? Carinhos são chamas que não queimam, carinhos são toques que formam estrelas no olhar.

Mas não conseguia parar de acaricia-la: Na rua, no metrô, no trem, na chuva, afinal, o carinho existe para ser expressado em todos lugares, o mundo seria um lugar melhor, não?

Fui até sua cidade, como não poderia ir? Como poderia deixar aquela preciosidade sozinha? Como poderia soltá-la? Jamais é meu desejo. Nunca talvez seja minha certeza. Na chuva ela cantou, na chuva ela sorriu, na chuva ela se molhou comigo, e molhada ainda mais linda se tornara. Para ela, raios são lindos e a chuva provoca sorrisos - a simplicidade numa personalidade indescritível.

A partida não doeu como eu presumia que doeria... Ela ficou comigo mesmo depois de ir. Invisivelmente me abraçando. Fazendo-me sorrir e cantar enquanto as pessoas me olhavam como se a felicidade fosse estranha. Neste belo dia, guardado em minhas memórias do coração eu conheci o diamante mais raro e mais valioso deste universo com todas as suas estrelas e galáxias. E em todo infinito universo, num ponto tão pequeno, no planeta Terra, eu estava no lugar certo passando as horas mais amáveis de meus 20 anos de vida.

❥ E as mãos? Ah... As mãos... Estas se encontrarão novamente.

L.A.

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