Quando Se Ama

Quando duas mãos se encontram, refletem no chão a sombra da mesma cor. - Toni Tornado

04/09/2012

Era uma linda terça, ou ao menos se tornou uma linda terça. Pela manhã a neblina estava cobrindo tudo, mas ao passar angustiante - queria logo te ver - das horas o céu mostrou sua beleza, folheado de azul. 
Não conseguia retirar aquele sorrisinho sútil da boca, eu estava realmente feliz. Meu olhar demonstrava isso, refletindo seu brilho no espelho. Incrivelmente não havia uma espinha em meu rosto, talvez o amor purifique até o corpo.
O celular vibrava a cada minuto - suas mensagens chegando as pressas. Brincávamos sobre como seria este tão belo dia, tão aguardado por nossos sonhos guardados em nossos corações. E fazíamos piadas também, como sempre fazíamos, sobre qualquer coisa. Afinal, é isto que torna o nosso amar divertido. Tomei banho com pressa, fazendo com que as espumas crescessem rapidamente quando eu me esfregava, o barulho do celular vibrando movia minha alma, assim como move até hoje. Fiz minha barba, não sei o porquê, talvez fosse o medo de não agrada-la. E enquanto fazia, fui surpreendido por uma mensagem enorme dela: Um te amo, com centenas de amo, eu adorava quando isto acontecia. Sorri feito bobo, e quase cortei minha bochecha com a gilete. Por fim estava pronto, não exagerai na roupa, queria chamar apenas a atenção dela, e para isso eu não precisava de roupas bonitas e exageradas, apenas do meu olhar sob o olhar dela  e meu carinho pela pele dela.
No ponto, o ônibus demorou séculos - não exatamente séculos, mas é essa a sensação que temos quando estamos indo em direção dos braços de quem amamos. Meus pés não paravam quietos, meu coração acelerava cada vez mais. 
Será que dará tudo certo? Será que ela vai mesmo? O que direi? E se ficarmos sem assunto?
-Vai dar tudo certo sim, ela vai porque o ama, dirá o que seu coração mandar, se ficar sem assunto a beije e todas as palavras surgirão - respondeu uma de minhas partes.
Finalmente o ônibus apareceu, fazendo barulho no horizonte  E se ele quebrar? Meu pessimismo irritava uma das minhas partes. Será um dia lindo e eu sentia isso. Todas as pessoas no ônibus pareciam vazias, quando amamos e estamos completos por este amor o restante das pessoas parecem mesmo vazias, a vagarem sem conhecerem seu próprio coração e o coração de outro ser humano. O sol me aquecia, fiquei com medo de suar muito, mas no fim não soei, depois de vinte minutos que mais pareceram, novamente, décadas,  cheguei ao terminal de ônibus.
Comecei a andar rápido, mais rápido do nunca andara. Não sabia exatamente como, mas ela atraia meu corpo, já devia estar me esperando, e todo meu corpo, submisso à ela, sabia disto. Eu desviava de pessoas, o centro da minha cidade é cheio, e tentava vê-la no horizonte cheio de cabeças. Mas minha amada é baixinha - linda e sútil, sua altura por si só me encanta - então só a verei quando chegar ao local combinado - o cinema.
Finalmente, quase que subitamente... A vi, e uma bomba atômica composta por sentimentos foi jogado em meu coração pelos meus olhos - rendidos pela beleza e sutilidade de minha amada - embriagados pelo olhar dela, profundo, brilhoso, exalando amor. E que amor! 
Não pude, e para ser sincero não pensei duas vezes. A abracei trazendo seu corpo junto ao meu, e delicadamente beijei seus lábios, profundamente, agora, por nossas bocas, nossas almas fundiam-se umas às outras. Mesmo este pobre poeta cheio de eloquência não consegue descrever o quão profundo foi este fundir. 


O fundir de almas rendidas por vontade própria ao um amor maior que elas mesmas.

Cinema

Não entrei para ver o filme, nem me importava com o filme! Entrei naquele dia, para realizar um dos meus mais belos sonhos românticos: Amar e beijar no escuro do cinema. Afinal, para que eu prestaria atenção no filme se ela é o filme a passar devagar pela minha curta vida? É ela, e não os filmes, que me tiram o ar, que me assusta, dispara meu coração, é ela que faz eu sentir a vida - em sua máxima totalidade. 
Corremos e sentamos na parte superior, perfeitamente o cinema não estava muito cheio, como eu imaginava. 
Não parava de olhar para ela, não estava acreditando que isso estava acontecendo comigo. Por onde ela esteve em meus tempos de solidão? - Não importa, o que importa é que ela está aqui agora.

O filme começou, não me pergunte o nome, nomes agora... Eu só sabia o dela.
Intenso, eu fazia carinhos no braço dela, descendo meus dedos sobre ele. Sua pele macia provocava inspirações poéticas intensas em meus sentimentos. Eu sentia o brilho daquele amor. Com carinho e realizando meus sonhos com ela, o sonho da minha vida, a beijei no escuro, mostrando que meu beijo é a luz de nossos caminhos. Sussurrei poemas que se perderam na escuridão do cinema, e só se acham agora dentro dela, esquecidos e memoráveis ao mesmo tempo. O filme foi curto, mas o que passamos um para o outro, o compartilhamento de sentimentos e amor, mostrou o quanto pode ser longa nossa felicidade enquanto tivermos um ao outro.

Fomos juntos, para o terminal de ônibus, de mãos dadas. E novamente, mas dessa vez mais intenso, o mundo parava ao nosso redor, e somente nossas risadas se moviam no tempo...
Rindo a cobria de beijos, como se esse fosse o último dia de minha vida. Não conseguia mais recitar versos, tudo que ouvia dentro de mim era o silêncio da certeza de um amor além da vida.
O ônibus dela chegou logo, e nossas mãos mal se desgrudavam. Talvez estavam coladas por uma força além de nós mesmos. Quando ela se foi... Levada por aquela máquina barulhenta, o dia continuou lindo, porque eu sabia, que agora nada poderia nos separar.



...Lucas Augusto...
Yanos Talesin

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