O Poeta

O poeta não tem preconceitos
Ou pré-conceitos, gosta de coisas diferentes,
E prefere não tirar conclusões,
O igual causa inércia, o julgamento falta de conhecimento.

O poeta gosta de acordar cedo,
Para ver o sol nascer, e toda vida despertar cantando,
Ir à praça e sentar num banco,
Ficar apenas observando... Observando...

O poeta não vê a nuvem de hoje
Como a mesma nuvem de ontem,
Para ele, tudo se modifica a cada segundo,
E é magnífico presenciar isso.

O poeta não tem religião definida,
Ele não se adapta a esse mundo,
Pois vive no seu mundo particular,
Onde tudo existe e ao mesmo tempo não existe.

O poeta é compulsivo por filmes,
Ao vê-los se transporta para dentro do mesmo.
Chora, aprende, sorri...
E fica triste, tudo acaba muito rápido.

O poeta não consegue dormir a noite,
O crepúsculo possui um sentimento estranho,
Que perpetua por toda a alma do poeta,
Que o ajuda a ser quem é.

O poeta não entende a função da aliança,
Para que usar isso? - Reflete o poeta,
Precisamos disso para não trair?
Já não demonstramos com nossos olhos radiantes,
Que estamos amando alguém?

O poeta não entende o porquê de escutarem funk,
Porque nunca ouvi por aí, piano no último volume?
Quando ouve o funk alheio, o poeta sente medo,
Palavras despidas de essência o ferem profundamente.

O poeta não tem uma cor favorita,
Para ele tudo a sua volta é uma mistura,
Gosta de todas as cores,
Cores são iguais a palavras - Pensa o poeta.

O poeta dificilmente assisti televisão,
É tudo muito repetitivo,
Somente se exibe o que todo mundo vê,
O poeta não consegue ver o que todo mundo vê.

O poeta é culto, refinado e educado,
- não por obrigação -
Não gosta de gritos,
Nem de gente sem princípios.

O poeta acredita em destino,
E gosta de brincar com ele,
É um desafiador nato,
Tem a certeza que em tudo há um porém.

O poeta não acredita que Deus criou as pessoas,
Quem em sã consciência criaria o funk?
- tudo é vitima da primeira causa -
Quem em sã consciência criaria a violência?

O poeta tem uma eterna pergunta interior:
Porque algumas pessoas são tão felizes,
Se vivemos num mundo tão cheio de sofrimento?

O poeta acredita no Amor,
Embora o Amor não acredite nele,
Para o poeta, o Amor tem um enorme senso de humor,
Às vezes até negro.

O poeta não acredita em fim do mundo,
Como algo tão belo pode acabar?
Tudo se transforma, nada acaba,
O Amor tem senso de humor, não o destino.

O poeta gosta de batata frita,
Porque é simples e saborosa
- assim como qualquer coisa tem que ser -
O poeta admira simplicidade.

O poeta não é humilde,
Também não é orgulhoso,
Busca sempre o equilíbrio,
Nem um lado da balança pode se destacar.

O poeta não sabe escrever!
O mundo e sua visão poética
Ensinaram as palavras a usarem o poeta,
Palavra é poder.

O poeta também gosta de ouvir o silêncio,
O relaxa a ponto de fechar os olhos,
- dificilmente o poeta fecha os olhos -
Quando o faz, é para chegar a si mesmo.

O poeta dá bom dia ao cachorro da esquina,
Acaricia as flores e abraça as arvores,
É chamado de louco,
Mas a natureza diz obrigado.

O poeta amadurece a cada dia,
Meses são para ele, anos.
Em anos várias vidas já se foram,
Sobrando apenas o mais vazio de si,
Que se preenche de tudo a sua volta, dia pós dia.

O poeta não tem data de nascimento,
Ele renasce todos os dias,
Porque morre a cada término dum poema.

Embora eu não seja um poeta,
Eu gostaria de ser, não de me tornar,
Pois já se nasce poeta.

...Lucas Augusto...

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