É hora de voltar para casa

De repente ela acordou na margem de um lago, nunca tinha estado ali, não lembrava como chegou ali. Ao olhar para o lago, maravilhou-se ao perceber estrelas e cometas no lugar de peixes.

Curiosa, afundou as duas mãos na água e tentou apanhar as estrelas e os cometas, longos minutos passaram até conseguir, mas não deixou de sorrir um segundo qualquer. Quando abriu a mão para ver o mini cometa, este voou para o céu totalmente escuro, o universo brotava da terra, dos galhos das árvores, da expiração. De certa forma, a escuridão do céu a deixou com um pouco de medo.

Todas as coisas tinham sua luz própria, como se tudo estivesse vivo. Ela se divertia, ao seu redor sonhos vivos, mais de energia do que de matéria, dançavam. Os sonhos são mais velhos que o tempo - eles sussurravam em sincronia - e o amor é mais velho que todos os sonhos juntos. E desapareceram entre as copas das árvores que não pareciam serem feitas de madeira, mas de folhas brancas de livros.

Arranque uma folha minha - pediu uma árvore. E assim a mulher fez, e no instante que fez outra folha nasceu na árvore e no papel em sua mão começou a surgir, lentamente, um poema. Na primeira estrofe ela sorriu, na segunda ela chorou, na terceira ela sonhou e na última ela amou. Jogue a folha no ar - pediu outra árvore. E assim ela fez, e no instante que fez a folha se desintegrou em energia, o poema ainda vivia dentro dela. Poemas são tão velhos quanto o Amor porque também passam de coração a coração - revelou a árvore mais velha.

Subitamente nuvens brilhosas se formaram no céu e começou a chover, não água: palavras e letras. Caindo na água formavam histórias e estórias enquanto eram levadas pela correnteza. Caindo nas árvores faziam dos galhos cair livros maduros, preenchidos com as histórias de todos os mundos abaixo e acima.

Encantada, começou a correr com unicórnios ao seu lado e dragões no céu. Estava molhada de palavras, estava ensopada de poemas, em segundos as palavras e letras se transformaram em penas angelicais que se dissolviam ao tocar o chão. Onde estou? Estou sonhando?
No topo de uma colina ela enxergou uma placa, muito distante para ser lida, mas perto o suficiente para ser vista: Correu novamente, e então começou a flutuar: a leveza do lugar passou para o seu coração, e corações sutis voam. Ao chegar no topo da filha mais nova de uma montanha, na placa palavras aos poucos se formaram:

Você…...Está…… Dentro….Do…...Coração…...De…...Um…...Poeta.

Então ela acordou, e lembrou de ter adormecido quando leu aquela mensagem na tela do celular: Eu te amo.

L.A.

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