Nuvens

O jogo das nuvens sempre pareceu-me mais interessante que os jogos dos homens, as nuvens não lutam por um placar, elas dançam continuamente numa beleza íntima, e ao cansarem nos deixam com o azul que mal compreendemos. Todos nós nascemos procurando formas nas nuvens, mas ao crescermos a maioria perde a forma do olhar: se torna frio e físico demais. Na verdade, eu poderia dizer que as nuvens são os inconstantes palcos dos elementais do ar, porém isto é segredo.

Raras vezes esbarramos com alguém que espelha uma nuvem na terra, geralmente essas pessoas são tão misteriosas que mesmo que nos contassem suas vidas inteiras o ar de mistério não passaria. Algumas são nuvens tempestuosas, outras escondem um céu azul por trás de si, e outras estão sempre nubladas - não confundir com tristeza. Ser nublado é simplesmente gostar da própria companhia em uma madrugada fria.

Contudo, as nuvens possuem uma característica em comum com todos os seres orgânicos: O ciclo eterno de nascer e renascer, Samsara também está acima de nós, recriando-se no céu todos os dias. Será um lembrete implícito? É preciso cruzar os limites da atmosfera para as correntes serem quebradas, ao contrário nossos erros nos puxarão de novo e de novo. Se a alma é o livro, as páginas precisam estar em branco?

E tudo começou com as nuvens no céu…

L.A.

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