Espelho

Olá, corpo,
Obsoleto e superficial,
Com olhos tristes
E barba mal feita.

Espinhas nascendo,
Lábios secos,
O óculos quase caindo...
Sem feições, sem sentimentos.

Mas diga-me, como tu se sentes?
Ah, você não sente...
Então fale-me, tem envelhecido?
Sei que tu é novo, mas me sinto velho.

A observação se volta para o olhar:

Desculpe-me olhos meus,
Se os faço lacrimejar tanto,
Vejam pelo lado bom... Apenas se molham
Lágrima nenhuma desce, tudo anda meio seco.

Observo minha barba:

Estou tão feio com você... Porém,
Este é meu objetivo,
Continue crescendo além...
Quero parecer um velho abandonado, pelo tempo.

Lábios... A quanto tempo não tocam outros lábios?
Descascam por desespero?
Ressecam por carência?
O tempo em solidão os consomem, aos poucos.

Mãos pequenas estas minhas,
Nunca sentiram a maciez de uma pele feminina,
Quase tudo que conhecem é o lápis e o teclado,
De resto... A água que as molham quando em desespero
A jogo no rosto.

Pernas cansadas
Corpo malhado sem saber o porquê
Minhas costas nunca a vi
E ela nunca sentiu uma boa massagem.

Corpo, corpo... Cuide bem de minha alma.

Yanos Talesin

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