Patricia Pereira

E como uma paisagem de um lugar que nunca vislumbrarei e nunca tocarei, observo teus traços abraçados pelo tempo, pelos dias, anos e décadas – e se não mais a ver, direcionados para caminhos opostos – minha imaginação seguirá teus passos com empatia e carinho, desejando para teu coração, mente e espírito os prazeres da felicidade e do amor verdadeiro.

Em muitos momentos te encontrei durante o intervalo, mas sempre de costas e raramente seu rosto alcançava minhas observações, mas foi somente quando contemplei diretamente o brilho misterioso do teu olhar que a inspiração desceu como um raio perturbador e constante sobre os dedos que agora escrevem. É uma sensação absoluta. Não há como escapar da poesia. 

Pense na fome, ou você come ou você morre, ou eu escrevo ou fico louco. Obrigado por me deixar louco. Você, tão avulsa do mundo ao seu redor, tão desolada e cansada, com um timbre meigo e maduro – ao mesmo tempo – você, que agora, no fim destas linhas, no fim destes versos e pensamentos, e principalmente: da música, permito que se vá. Para sempre, e definitivamente o encanto de teus versos invisíveis agora se esvazia, como o mar um dia se esgotará, eu sempre encaro o deserto. 

Adeus.

L.A.

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