Trechos de uma história sem fim

Ao ritmo harmonioso e pulsante da música, uma energia constante percorria cada cor do seu corpo, moldando-se em sua dança precisa e intensa. As luzes destacavam sua essência, realçavam sua beleza. Eu poderia mergulhar nos teus olhos e nunca me afogar. Fascinado por seu bailado interminável, observei seu corpo desvendar os espaços entre cada nota musical.

Saboreando um blend de Smirnoff e Dry Martini, eu absorvia o timbre de sua voz em uma sinfonia de melodias e anseios, como um coquetel agitado em meu íntimo. A cada indagação, eu desvendava um fragmento de sua personalidade, de sua história.

Era evidente que meu discurso lhe entediava. Era evidente suas tentativas de se afastar. No entanto, em meu interior, o universo gerava explosões cósmicas, e quando você partiu, decidi dançar com a solidão naquela escuridão musical.

Perto, eu senti seu perfume doce e suave. Longe, sua ausência aguda e grave. Na penumbra, buscava as linhas do seu contorno, sua tonalidade. Não por obsessão. Não por desejo. Apenas como aquele que procura a luz prateada da lua cheia.

O Dry Martini começou a surtir efeito longe dali. Enquanto me encaminhava para casa, minha visão se tornava mais vívida, algo que se torna um pecado para um poeta. As memórias daquela noite brincavam de se recriar, num incessante jogo. Sentia a ânsia de escrever. No celular. No papel. No teu corpo.

No entanto, resisti. Fechei os olhos e permiti-me ser carregado, por memórias e gin, até meu destino.

L.A.

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